
História do Sapateado
Muito se fala sobre a história do sapateado, mas sua origem é o fato que causa alguns desencontros, justamente por parecer ter originado de vários lugares. A hipótese mais provável nos leva ao século V na Irlanda, onde os camponeses que usavam sapatos com solado de madeira para aquecer os pés, começaram a brincar com os sons que esse sapato fazia. Criavam diversos ritmos, originando uma dança conhecida como Irish Jig.Já na Inglaterra, durante a Revolução Industrial, os operários usavam sapatos de madeira para se protegerem do chão muito quente das fábricas. Nos intervalos de trabalho, os operários ingleses se divertiam com os sons produzidos por aquele sapato, criando uma nova dança chamada Lancashire Clog. Mais tarde os tamancos de madeira foram substituídos por medas de cobre presas a sapatos de couro.Outra influência também muito forte, veio das danças africanas, que eram feitas pelos escravos em suas poucas horas de lazer. Alguns senhores feudais admiravam essas danças que uniam o trabalho dos pés descalços a movimentos do corpo, e usavam seus escravos para seu próprio entretenimento.Entre os anos de 1909 e 1920, vários estilos musicais e de dança foram criados nos EUA como o “FOX TROT” e o “TUKEY TROT”, por exemplo. E com a chegada dos africanos e europeus na América do Norte, essa fusão de informações se uniu ao estilo musical americano que estava em alta, então começaram a surgir os sapatos com chapinhas de metal nas solas.O Sapateado Americano se consolidou realmente no início da década de 20, quando foi criado o espetáculo “Shuffle Along”, onde 16 bailarinas executavam a mesma coreografia dando origem ao chamado “chorus line” e revolucionando os palcos da Broadway.Desde então, até meados dos anos 40 o sapateado ploriferou como uma febre nos Estados Unidos, espetáculos de Vaudeville, musicais da Broadway, casas de shows, clubes de jazz, em fim, estava por toda parte até nas ruas e esquinas de New Orleans ou do Harlem. O sapateado conquistou até mesmo as telas do cinema, dando origem a era dos grandes musicais e tendo como protagonistas os grandes mestres: Fred Astaire, Ginger Rogers, Gene Kelly, Ann Muller, entre outros, a partir de 1933.A INFLUÊNCIA DOS GRANDES NOMESMas onde entra Bill Bojangles nessa história? Bem, para a nova geração Bojangles não passa de um ilustre desconhecido, mas a verdade é que sua contribuição para o sapateado foi muito valiosa e específica: ele o levou para a “meia ponta”, trazendo aos palcos uma leveza e uma clareza nos passos jamais vista na tradição dos hooffers que dançavam com os pés inteiros no chão. A pouca movimentação dos braços era notada em ambos os estilos, mas o gingado do corpo e o som preciso de Bojangles era ritmicamente perfeito e inconfundível.Nasceu em 25 de Maio de 1878, em Richmond, Virgínia. Em 1898 foi para Nova Iorque tentar a vida de bailarino, mas só aos 31 anos seu trabalho foi reconhecido e então contratado pela produção do show Blackbirds, onde apresentava um número em que subia e descia uma escada sapateando. Mais tarde esse seria o marco de sua carreira.Com o sucesso de Blackbirds, Bojangles tornava-se cada vez mais respeitado no mundo dos espetáculos, passando a ser o primeiro negro a conquistar um papel na Broadway em 1930 com o musical BROWN BUDDIES. Também conquistou Hollywood (em 1932), onde liderou o primeiro casal inter-racial da história do cinema americano, contracenando com Shirley Temple, com apenas sete anos na época, em “The Little Colonel”, a dupla se deu tão bem que protagonizaram mais três filmes: “Hooray for Love”, “The Littlest Rebel” e “Big Broadcast of 1936”.Parecia que o racismo no cinema estava chegando ao fim, mas a realidade era outra, quando Eleonor Powell foi cogitada a dançar ao seu lado, esse projeto foi barrado pelas leis da época que não permitiam que um negro contracenasse com uma mulher branca.Bojangles fez ao todo 14 filmes e era atração frequente do Cotton Club, sem contar os inúmeros shows da Broadway que participou nos anos seguintes.Morreu em 1949, coberto de glória e endividado, mas sua genialidade deve ser lembrada não só a cada 25 d
e maio, mas sempre que colocarmos um sapato com chapinhas no pé.Nas décadas de 50 e 60 o sapateado sumiu do cenário cultural americano, as grandes formações musicais estavam sendo desfeitas porque seus integrantes rumavam para o combate: A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.A motivação dos jovens para ver os sapateadores acompanhando as Big Bands estava esmorecendo e o gosto musical daquela época também estava mudando – era a explosão do ROCK'N ROLL.Muitos achavam que o sapateado iria simplesmente morrer e levar com ele toda uma história. Mas nos anos 70 começou uma mobilização de alguns sapateadores com o objetivo de fazer essa arte “reviver”.Pode-se dizer que Brenda Buffalino tem um papel fundamental nessa história, sua energia e determinação proporcionaram novos rumos ao TAP DANCE. Brenda foi parceira do lendário Honi Coles por muitos anos e em 1978 criou a American Tap Dance Orchestra, uma companhia caracterizada por suas construções rítmicas interagindo diretamente com os músicos.O retorno do sapateado aos palcos da Broadway ajudou a criar grandes mestres como GREGORY HINES que ficou famoso no mundo inteiro contracenando com o bailarino Mikhail Baryshnikov em “O Sol da Meia Noite”. Gregory Hines faleceu em 2003, vítima de câncer, mas deixou sua marca, a versatilidade, era tão maravilhoso com seu estilo hooffer como quando dançava no estilo clássico em coreografias de Honi Coles, por exemplo.Gregory Hines também revelou outro grande talento, SAVION GLOVER, considerado um dos maiores sapateadores da atualidade. Desde então, a Broadway e os mestres da chamada “velha guarda” também vêm revelando nomes como: Van Porter, Jason Samuels, Cintia Chamecki (brasileira radicada em NY), entre outros. Por isso temos certeza que essa arte não vai morrer, pois se desenvolvem trabalhos sérios no mundo inteiro através de grandes companhias e professores que formam seus alunos, passando para frente todo o seu conhecimento e o amor pelo sapateado.
O SAPATEADO NO BRASIL
O Sapateado Americano descende de várias culturas e estilos musicais. No caso do Brasil, pode-se dizer que ele sofre influências da nossa música por ser muito rica. Somos um povo com a criatividade à flor da pele e conseguimos compor ritmos unindo duas culturas completamente diferentes e muito fortes em cada contexto.Sabemos também respeitar sua origem. Da mesma forma que, com tantas influências, conseguiu se incorporar à música jazz tornado-se tão genuinamente americano quanto; podemos sapatear nosso samba como se essa arte tivesse nascido aqui, com todo o respeito.
Não almejamos uma revolução nessa modalidade, apenas amamos essa arte como se fosse nossa, e creio que seja, pois já é considerada de domínio público, sem jamais esquecermos sua essência...Essência americana que a mantém no sangue, e a cada 25 de maio lembra seus grandes mestres, principalmente aquele que emprestou o seu aniversário para este marco; Bill Bojangles, aquele que realmente revolucionou o TAP DANCE.
Muito se fala sobre a história do sapateado, mas sua origem é o fato que causa alguns desencontros, justamente por parecer ter originado de vários lugares. A hipótese mais provável nos leva ao século V na Irlanda, onde os camponeses que usavam sapatos com solado de madeira para aquecer os pés, começaram a brincar com os sons que esse sapato fazia. Criavam diversos ritmos, originando uma dança conhecida como Irish Jig.Já na Inglaterra, durante a Revolução Industrial, os operários usavam sapatos de madeira para se protegerem do chão muito quente das fábricas. Nos intervalos de trabalho, os operários ingleses se divertiam com os sons produzidos por aquele sapato, criando uma nova dança chamada Lancashire Clog. Mais tarde os tamancos de madeira foram substituídos por medas de cobre presas a sapatos de couro.Outra influência também muito forte, veio das danças africanas, que eram feitas pelos escravos em suas poucas horas de lazer. Alguns senhores feudais admiravam essas danças que uniam o trabalho dos pés descalços a movimentos do corpo, e usavam seus escravos para seu próprio entretenimento.Entre os anos de 1909 e 1920, vários estilos musicais e de dança foram criados nos EUA como o “FOX TROT” e o “TUKEY TROT”, por exemplo. E com a chegada dos africanos e europeus na América do Norte, essa fusão de informações se uniu ao estilo musical americano que estava em alta, então começaram a surgir os sapatos com chapinhas de metal nas solas.O Sapateado Americano se consolidou realmente no início da década de 20, quando foi criado o espetáculo “Shuffle Along”, onde 16 bailarinas executavam a mesma coreografia dando origem ao chamado “chorus line” e revolucionando os palcos da Broadway.Desde então, até meados dos anos 40 o sapateado ploriferou como uma febre nos Estados Unidos, espetáculos de Vaudeville, musicais da Broadway, casas de shows, clubes de jazz, em fim, estava por toda parte até nas ruas e esquinas de New Orleans ou do Harlem. O sapateado conquistou até mesmo as telas do cinema, dando origem a era dos grandes musicais e tendo como protagonistas os grandes mestres: Fred Astaire, Ginger Rogers, Gene Kelly, Ann Muller, entre outros, a partir de 1933.A INFLUÊNCIA DOS GRANDES NOMESMas onde entra Bill Bojangles nessa história? Bem, para a nova geração Bojangles não passa de um ilustre desconhecido, mas a verdade é que sua contribuição para o sapateado foi muito valiosa e específica: ele o levou para a “meia ponta”, trazendo aos palcos uma leveza e uma clareza nos passos jamais vista na tradição dos hooffers que dançavam com os pés inteiros no chão. A pouca movimentação dos braços era notada em ambos os estilos, mas o gingado do corpo e o som preciso de Bojangles era ritmicamente perfeito e inconfundível.Nasceu em 25 de Maio de 1878, em Richmond, Virgínia. Em 1898 foi para Nova Iorque tentar a vida de bailarino, mas só aos 31 anos seu trabalho foi reconhecido e então contratado pela produção do show Blackbirds, onde apresentava um número em que subia e descia uma escada sapateando. Mais tarde esse seria o marco de sua carreira.Com o sucesso de Blackbirds, Bojangles tornava-se cada vez mais respeitado no mundo dos espetáculos, passando a ser o primeiro negro a conquistar um papel na Broadway em 1930 com o musical BROWN BUDDIES. Também conquistou Hollywood (em 1932), onde liderou o primeiro casal inter-racial da história do cinema americano, contracenando com Shirley Temple, com apenas sete anos na época, em “The Little Colonel”, a dupla se deu tão bem que protagonizaram mais três filmes: “Hooray for Love”, “The Littlest Rebel” e “Big Broadcast of 1936”.Parecia que o racismo no cinema estava chegando ao fim, mas a realidade era outra, quando Eleonor Powell foi cogitada a dançar ao seu lado, esse projeto foi barrado pelas leis da época que não permitiam que um negro contracenasse com uma mulher branca.Bojangles fez ao todo 14 filmes e era atração frequente do Cotton Club, sem contar os inúmeros shows da Broadway que participou nos anos seguintes.Morreu em 1949, coberto de glória e endividado, mas sua genialidade deve ser lembrada não só a cada 25 d

O SAPATEADO NO BRASIL
O Sapateado Americano descende de várias culturas e estilos musicais. No caso do Brasil, pode-se dizer que ele sofre influências da nossa música por ser muito rica. Somos um povo com a criatividade à flor da pele e conseguimos compor ritmos unindo duas culturas completamente diferentes e muito fortes em cada contexto.Sabemos também respeitar sua origem. Da mesma forma que, com tantas influências, conseguiu se incorporar à música jazz tornado-se tão genuinamente americano quanto; podemos sapatear nosso samba como se essa arte tivesse nascido aqui, com todo o respeito.
Não almejamos uma revolução nessa modalidade, apenas amamos essa arte como se fosse nossa, e creio que seja, pois já é considerada de domínio público, sem jamais esquecermos sua essência...Essência americana que a mantém no sangue, e a cada 25 de maio lembra seus grandes mestres, principalmente aquele que emprestou o seu aniversário para este marco; Bill Bojangles, aquele que realmente revolucionou o TAP DANCE.
(Claudio)